segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Caixinha de Sapatos

Ligo o rádio, ouço melodias, barulhos e vozes.
Barulhos irreais, marchas fúnebres.
A TV está fora do ar e logo agora que estava passando a reprise dos melhores momentos da minha vida, que estavam dentro da minha caixas de sapatos.
E essas caixa de sapatos, sempre soam sem utilidade.
Mas, é lá que sempre ficam os melhores momentos dessas reprises e só dentro dessa caixinha de sapatos, somos realmente felizes.
Os barcos movem-se sem maré e afundam-se em um copo de café puro e forte e os tripulantes descobriram que creme de morango é ácido. Bem ácido na verdade!
Algumas coisas são complicadas, complicadas por si própria e ainda encontramos icognitas ambulantes e que são como metástase de pontos de interrogação.
O mundo está tornando-se cada vez mais inabitável e estou tornando-me cada vez mais uma ratinha...
Ali, escondida, esperando as sobras.
Vem!
Que o teu encanto, canta no meu canto...
E assim, te encanto e estaremos ali naquele canto...
Mas, o canto do canto já nem tem tanto aquele canto do encanto.
E a que hora de sair do canto?!
Caminhando para pensar, pensar para caminhar e prosseguir, sem barco e sem bicicletas.
Talvez com uma “Rural” ou até mesmo com uma caixinha de sapatos, debaixo do braço e que lá poderá ser encontrado algo que seja útil para cessar algumas interrogações ou administrar novas interrogações.
Todo dia tem tudo pra ser igual.
As horas são iguais, os ruídos, os carros e ônibus passando, um na mão do outro, vezes na contra-mão, tal como cada um de nós.
Viver na contra-mão é algo que nos enfeitiça e que nos transforma em seres sublimes, curiosos ratinhos de laboratórios e por isso ficamos ali, sempre esperando uma sobra.
Qualquer que seja.
E que assim seja, como o desprogramado programar.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

Páginas amareladas

Sebos sempre me foram instigantes.
O cheiro de páginas amareladas que imitam a vida e a vida que ironicamente plageiam as páginas amareladas.
O dia inicia-se com toda sua áurea, o sol vai raiando, vento gelado em um sol de 40C que vai passando, a hora do almoço passa e com ela a fome dissipa-se, corpos suados, ósculos por toda extremidade sensitiva, borboletas nos perseguem, nos rodeiam e nos instigam, quase sempre de forma “bizarra” e nos levantam alguns questionamentos.
Será que tudo já estava ali, entrelaçando nossas saias e calças?
Ou só nós estávamos de passagem?
Tal como aquelas páginas amareladas que o tempo foi transformando-as, descolorindo-as e deixando-as com aquele cheirinho de tempo passado.
Ali!
Estagnadas naquelas prateleiras empoeiradas, onde geralmente esperam por um assíduo e curioso alfarrabista.
Mas, como uma dessas páginas amareladas, prefiro nem prever que serei levada para casa e que serei folheada e que anos mais tarde, eu provavelmente volte para o mesmo mostruário. Ou um novo mostruário, pois talvez os mesmos olhos me percorram, mais uma nova visão me veja.
Geralmente ficamos amontuados sobre tantas e tantas outras prateleiras e há algumas revistas antigas e que já caíram como obsoletas, mas sempre há uns olhos sendo nossos fiéis cúmplices. Olhos esses desatinados e volupiosos pensadores, aos pares.
Na minha contra-capa encontra-se algo escrito com toda a liberdade de ação e assim tento salvar-me em tal, para assim existir:
“Se pensar, não faço! Hei que deleito-me ao ‘não pensamento’, na fiel idéia da incessante busca pelo devaneio da vida...”

domingo, 11 de fevereiro de 2007

O filme repetido da vida de alguém

Estava plantando sementinhas de ervas daninhas, vi que umas gritavam.
Um grito fúnebre em meio ao silêncio, silêncio que ecoava e alastrava-se.
Penetrava toda a sombria áurea daquelas daninhas.
Danadinhas elas. Não! Calminhas, muito calminhas.
As dores que ninguém nunca sentiu, estavam naqueles sentimentos daquelas daninhas e eu jurei que fosse o fim o do mundo, daquela tarde de domingo.
Que nada!
Era só o íncio de todas as outras tardes de domingo que têm por sua contextualidade um tédio, uma folha de papel em branco, uma música ao fundo e um punhado de letras, que formam palavas, que tais palavras articuladas servem de individualidade...
Pois sabemos que devorar uma barra de "Cruch" não resolve, mas assistir o filme repetido da vida de alguém nem é tão tediante quanto parece.
Em grande parte é mais um filme repetido que retrata o mundo nu e cru! E como gosto deste mundo e como sou adepta a ele.
Ah sim! Pode não parecer. Mas é fato.
Choro, sorrio, esperneio, mordo, beijo, canto e por fim, sempre acabo vendo o mesmo filme: “O filme repetido da vida de alguém...”
Filme do João, da Maria, da Antônia, do José, meu, seu e de quem quiser. Jamais, nosso!
Somos individualistas e sabemos disso. Poucos assumem, de fato.
Por quê?! Porque é feio ser egoísta.
Feio nada! Feio é meter o dedo dentro do iogurte dos outros e penetrar com nossas bactérias, no intestino alheio.
A individualide é saber que somos alheios aos destroços do mundo e por isso estamos sãos e salvos!

O sentimento de pusilanimidade é constante em todos, poucos sabem.
Enfim, tá tudo fechado! E ninguém abre a porta!
Ufa!!! Que bom! Não quero que ninguém veja a bagunça que é aqui dentro e nem quero que vejam meu cemitério que já tem dois corpos e tampouco quero que vejam que uso roupas amarelas em velórios. Mas, no meio dessa individualidade, sabe quem tá lá dentro, sempre perto demais?!
Todo mundo! Estar perto demais é ter desdém e nem ficar esperando o “happy ending”.
Sabemos que as pessoas traem e são traídas e que mentem e quase todo mundo faz vista grossa, dizendo: óh... isso é errado e blá blá blá e trololó....
As pesosas tinham de ser livres, independentemente livres. Mas, ficam procurando um toquinho pra amarrarem sua corda, tal como tenho procurado fertilizantes para minhas ervas daninhas pararem de ressoar aquele fúnebre silêncio.
Outras almas penadas assolam meu sótão de memórias boas, mas que ficarão ali estagnadas.... Paralisadas, pois serão eternas até o piscar passado.
Tudo tem no mercado!
Tudo tem no dicionário!
Tudo tem na sua vida, na minha, na de qualquer outrem.
Nem precisa entender, por fim tudo é uma coisa só:
“O filme repetido da vida de alguém e ponto!”

*Telescópio de lado, vendo a vida ao vivo.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Anseios

Quero beijo com gosto de fruta mordida
Quero sorvete, bombons, balas, chocolate e "Nescau"(mesmo não gostando muito)
Quero acordar com o cabelo desarrumado
Quero acordar com remelas e
Quero rir de mim, quando olhar-me no espelho
Quero saber zilhões de coisas
Quero esquecer outras duzentas
Quero adormecer com um livro sobre o seio
Quero dar um cheiro em minha mãe todo dia
Quero ficar rindo do meu primo a cada "pérola"que ele falar
Quero ser menina
Quero ser tia
Quero ser mãe (um dia) para saber o que é AMOR de verdade
Quero ser mulher eterna
Quero ser dócil, meiga e brava
Quero ser mandona, mas maleável
Quero esquecer que dói ser assim
Quero sentir cheiro de alecrim
Quero ter gosto de canela em todo meu corpo
Quero inspirar conhecimento e
Quero expirar sabedoria
Quero dissipar a dor
Quero evitar a morte na fiel inocência de poder anulá-la
Quero ter conhecimento de que ela existe e
Quero não tornar-me amarga por saber que ela me aguarda
Quero admirar orquídeas todos os dias
Quero sentir o cheiro de planta molhada
Quero todo dia quebrar um prato
Quero sentar no banco da praça e sorrir para uma criança qualquer
Quero tomar banho de chuva
Quero andar de bicicleta na chuva
Quero tomar banho e cantar no chuveiro músicas erradas em francês
Quero chegar de madrugada e pular na piscina de roupa
Quero beijo de gotas
Quero abraços apertados até ficar ofegante
Quero chorar de rir
Quero sorriso a toda hora
Quero fotos de estranhos espalhadas em minha casa
Quero fotos de amigos e constatar que viver até ali, valeu à pena
Quero andar até as pernas cambalearem
Quero não ter pressa e não atravessar a rua correndo
Quero sentir o vento percorrer meus cabelos, braços e pernas e por fim, senti-lo tapear o rosto
Quero não fechar os olhos
Quero fechar os olhos e viajar
Quero falar sem parar até a garganta secar
Quero água
Quero sentir-me assim: VIVA!

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007

Elocuções


Quiçá
Plausível
Iconoclasta
Desvelo
Devaneio
Desatino
Quimera
Ímpar
Sucinto
Ósculo
Volúpia
Desconcertante
Instigante
Fomento
Exímia
Apogeu
Propensão
Limiar
Aurora
Acaso
Ocaso

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

Delírios surrealmente reais

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Pseudointelectual?! Nem pra tanto!
Metida à besta?!Quase isso!
Arrogante?! Um titinho!
Soberba?! Isso! Na medida!
Irônica?! De sutilmente à totalmente!
Tudo isso e muito mais!
Nenhuma descoberta que vc venha fazer, será novidade!

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"Tem a hora certa pra pessoa certa.
Tem a pessoa errada pra hora certa (E que faz bem).
Tem até a pessoa certa pra hora errada!
O que a vida mais tem é surpresa, o desprogramado.
Assim, desprogamados e desfragmentados!
Sim, sim...Suspiros!"

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Reconheci um desconhecido outro dia, ele me conquistou com 1/2 dúzia de palavras.
Tava olhando pro espelho, ele quebrou! Terei 7 anos de azar!
O gato preto roçou minhas pernas, a escada caiu em cima de mim!
O jarro quebrou do meu lado, as orquídeas morreram na hora.
Ainda tentei levá-las a CTI, mas não resistiram as tadinhas.
O velocímetro, marcava 0,000001 m/s.
A velocidade era da luz! Juro! Marte é repleto de hidrocarbonetos e afins, aminóacidos, que formam proteínas, tecidos, sistemas e órgãos... Haverá vida inteligente em Marte?!Atravessamos a rua, eu e o desconhecido! Fui atropelada por um patinete de um cego ratinho de laboratório que custa 200 doláres. Mas, ele estava com sua turminha de ratinhos de laboratórios com genes modificados e tinha uma cadeia de RNA quase toda com DNA de humanos!
Eles me falaram tudo isso, enquanto o desconhecido era levado para o bar mais próximo, para juntos ouvirmos músicas que nem sabia que existiam.
Tomamos água torneral, cheia de amebas... tinha gosto de chá de maçã. E aconteceu um milagre! O ratinho de laboratório, recebeu uma córnea de uma avestruz, que já não queria mais ouvir nada. E logo que o homem inventou a roda, Deus, Oxum, Alá, Zeus ou quem quer que seja, inventou o freio. E toda roda tem freio, mas nem todo freio funciona.
Os leões estão perdendo seu habitat.
Outro dia, encontrei um papeando com a osga do meu quarto.
Eles estavam combinando de assistir, algum filme, onde o amigo azarador pagaria o cinema. Mas, o meu prédio tava incendiando, não podiam usar as escadas...
A osga tinha medo de escadas, devido os meus 7 anos de azar, preferiram ir de elevador.
O leão tinha clastofobia, então a osga muito inteligente, o vendou.
Os mosquitos são primos das moscas! Eles até andaram acasalando com as abelhas, só que andaram cantando desconhecidas viúvas aranhas, que não matavam seus maridos...
Recessivamente os albinos um dia olharam para os dominantes e encontraram desconhecidos termos de trigonometria....
Mas, meu quarto foi detetizado e um dia quem sabe, e eu hei de saber...
Todos somos felizes para ontem!

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Visões

Cheguei aos 20!
Grande coisa!
Já vi tanta coisa em duas décadas e em 1/3 de memória.
Aos 3 anos, vi meu primo (mas o melhor emprego seria meu irmão) cair, ser internado e falecer dias depois e ainda quando criança tomei ciência do que é nunca mais ver alguém.
Vi o homem mais íntegro, padecer sob o sol nordestino.
Vi minha mãe, por várias noites, tossindo.
E tmb me vi, com dores, em outras noites.
Vi um analfabeto ser empossado duas vezes, em menos de 10 anos.
Vi vários ditadores serem julgados, inclusive vi o Sadam sendo enforcado, o Pinochet morrendo sem julgamento.
Gostaria de ter visto o Hitler morto, mas tecnicamente ninguém viu.
Queria saber algo sobre o Stálin, mas nunca procurei nada a respeito.
Queria ter visto também o Mussolini sendo fuzilado.
Soube também que o Che foi morto, mas o tenho como um cara legal.
O Fidel, esse vai ver o mundo morrendo e no final das contas o carbono 14 vai nos ser muito útil.
Vejo o que o mundo inteiro vê e envergonho-me de ter que fechar os olhos e tentar esquecer algo sobre Rhuanda.
Vi que estudei um tanto nos últimos meses e vi também que não perdi tempo, mas deixei de aproveitá-lo em alguns momentos.
Recentemente conclui que se o Freud é o pai da psicanálise, Breuer pode ser considerado o avô da própria.
Nos últimos anos, me amontuei de livros e grande parte os li, outra parte ficaram de enfeite e alguns emprestei na fiel esperança de tê-los novamente.
Vi mais um bocado de coisa, nesse 1/3 de pseudosabedoria e hoje tenho de usar lentes corretivas -0,25 D/ -0,50 E.
Mas, não me recordo se são côncovas, convexas ou planas.
Quero não sofrer esclerose ou Mal de Elzheimer para daqui alguns outros N terços de vida, possa eu lembrar sumariamente disso tudo.
E você, o que viu?!